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sábado, 21 de maio de 2011

FAÇA O QUE EU MANDO, MAS NÃO FAÇA O QUE EU FAÇO!





Há aproximadamente dois meses atrás, num sábado de manhã, fui surpreendido com uma notificação da prefeitura. Tenho dois lotes de terrenos no bairro Vista Alegre, quando adquiri era um loteamento de chácaras e não havia necessidade de calçadas pavimentadas nem de muro. Como temos outras prioridades e salário de professor, todos sabem que não é dos melhores, o projeto da chácara estava aguardando, mas a notificação que recebi me dava três meses para a construção de muro e calçadas.
Fiquei indignado, mas tudo bem, fiz os orçamentos, adiei os demais projetos e estou investindo no que é meu, o que é mais coerente do que pagar multas. Além do mais estou deixando o espaço mais bonito e cooperando com as questões ambientais.
Quando recebi a notificação e ainda não havia aberto o envelope o funcionário disse que se fosse mato em terreno, o que eu tinha certeza que não era, eu tinha que limpar sem usar herbicida, pois o mesmo é proibido pela leis ambientais.
Faço muitas caminhadas, conheço a cidade, todos os bairros e conheço também quais são os terrenos que pertencem à prefeitura. Pude constatar uma série de terrenos pertencentes ao poder público, sem muro, sem calçadas e com muito mato, inclusive em áreas próximas a escolas onde transitam muitos alunos todos os dias, sendo que os mesmos têm que caminhar na rua por falta de calçadas.
Quanto ao herbicida, proibido pelas leis ambientais, ontem mesmo foi aplicado na rua da minha casa: rua Padre Ilidro, Centro, rua de paralelepípedos, onde o mato cresce nas suas frestas. Minha esposa tem problemas alérgicos, cada vez que isso acontece, ela tem que fechar as janelas e portas para não ficar doente.
Agora pergunto: Não deveria ser o poder público o primeiro a dar exemplos? Porque obriga o cidadão, sem saber das suas prioridades e do seu orçamento a realizar uma obra em três meses em um bairro com loteamento de chácaras com pouco movimento? Sabemos que em locais bastante movimentados, a própria prefeitura não constrói nem calçada para os pedestres, quanto mais muro!
A atual administração vem constantemente adotando o lema: “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço!”.
Isso não é bom para ninguém. Um município para ser respeitado no seu estado, no seu país precisa ter ações responsáveis, cuidar dos seus espaços e principalmente do meio ambiente. Não é possível aceitarmos calados tal contradição do poder público!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

ANALOGIA DE UMA IRRESPONSABILIDADE

Estou me dedicando bastante na minha especialização em Gestão Pública Municipal e quanto mais estudo mais me conscientizo do tamanho da responsabilidade que leva consigo todo gestor público.
Quando ocorre um erro do gestor não basta uma punição do Tribunal de Contas, da Polícia Federal ou outro órgão encarregado em aplicar as sanções no caso do descumprimento das leis, o prejuízo é muito maior porque nessas alturas o povo já sofreu muito pela incompetência de quem esteve no poder e o tempo não volta para que o erro seja ressarcido.
As peças orçamentárias PPA, LDO e LOA determinam onde devem ocorrer as aplicações e são aprovadas pelo legislativo, mas como aplicar e a que dar prioridade independe do legislativo e é prerrogativa do poder executivo, portanto ao prefeito e seus assessores diretos cabe decidir o que é mais e o que é menos importante.
Neste contexto o gestor público municipal pode ser visto como um patriarca que administra os recursos de toda a sua família. Esse patriarca decide o que fará com os recursos e se for responsável fará o melhor pelos membros da sua família.
Quando ele, o patriarca da família, vai ao mercado fazer compras é abordado por todos os tipos de comerciantes, todos querem vender aquilo que possuem, desde o imprescindível como arroz e feijão, até o desnecessário, o fútil e o cômico que só um irresponsável pode adquirir.
Imaginemos que esse patriarca já possua um carro, que mesmo não sendo 0 km, vai onde ele e sua família quer ir. Um dia no mercado, onde todos querem seu dinheiro, ele resolve comprar um dodge dart antigo que não tem peças para reposição e gasta muito combustível, por preço de um carro importado e compromete todo o orçamento familiar.
A atitude faz com que a família não possa comprar mais nada, nem mesmo um simples agasalho para se aquecer do inverno e compromete também o orçamento da construção da casa de um dos filhos que já está casado há mais de três anos e está morando com os sogros.
O fabuloso é que patriarca chega na sua casa dizendo que é um empreendedor ousado porque o vendedor do carro afirmou que o veículo vai criar asas, levantar vôo e chegar em outro Planeta.
O que você pensaria disso? No mínimo ou ele é louco ou um irresponsável ou ainda tem alguma outra intenção oculta na compra desse dodge dart, que todos sabemos que não vai prestar para nada.
Minha colocação é uma simples analogia daquilo que pode acontecer com o dinheiro público, caso os gestores sejam irresponsáveis. O simples, o básico pode faltar para a população, não porque não existem recursos para isso, mas porque o orçamento está sendo aplicado de forma errada.
É muito triste quando vemos tais acontecimentos e seria muito importante que todos refletissem. Nunca confunda ousadia com irresponsabilidade, principalmente com aquilo que não lhe pertence.